quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Desencanto


Eu faço versos como quem chora

De desalento... de desencanto...

Fecha o meu livro, se por agora

não tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é sangue. é volúpia ardente...

Tristeza esparsa... remorso vão...

Dói-me nas veias. Amargo e quente,

Cai, gota a gota, do coração.

E nestes versos de angústia rouca

Assim dos lábios a vida corre,

Deixando um acre sabor na boca.

Eu faço versos como quem morre.

Manuel Bandeira

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