quinta-feira, 11 de abril de 2013

Tem gente!



Existem tantas pessoas no mundo
Corro ruas
Ando em parques
Vejo rostos
Choro, fome e sorrisos
Antagónicos neste mundo cão
É no banco, é no ónibus, 
Ou em qualquer situação
Tem uma criança nua ali
Tem um drogado acolá
Tem gente que anda de Mercedes
E há Mercedes que sabem trabalhar
Tem gente que colore um arco-íris
Tem gente que o cinza quer plantar
Tem gente que dá bom dia
Tem gente que nem responde
Tem gente que vai adiante
Tem gente que não sabe ir
Tem gente que te procura
Tem gente que não sabe de você
Tem gente que doa sangue
Tem gente que só sabe sugar
Tem gente que dorme sonhando 
Tem gente que não sabe amar
Tem gente que sabe ser gente
Tem gente que demente está
Tem gente que empunha armas 
Tem gente que só sabe chorar
Tem gente que não fala
Tem gente que não sabe calar
Tem gente que dá saudade
Tem gente que nem quero lembrar
Tem gente que foi para o céu
Tem gente que ainda está
Tem gente que agradece
Tem gente que não sabe curvar
Tem gente que morre burro
Tem gente que só sabe estudar
Tem gente que gosta de rock
Tem gente que nem sabe cantar
Tem gente que mora na gente
E tem gente que não quis ficar...
Tem gente que sabe que amo
Tem gente que quer criticar
Tem gente que acredita
Tem gente que nem quer apostar
Tem gente que muda o mundo
Tem gente que quer não estar
Tem gente que sabe que a gente
Se sente feliz por amar!
(Rejane Braga – 10/04/2013)





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domingo, 7 de abril de 2013

Canção grata - Florbela Espanca



Por tudo o que me deste
inquietação cuidado
um pouco de ternura
é certo mas tão pouca
Noites de insônia
Pelas ruas como louca
Obrigada, obrigada

Por aquela tão doce
e tão breve ilusão
Embora nunca mais
Depois de que a vi desfeita
Eu volte a ser quem fui
Sem ironia aceita
A minha gratidão

Que bem que me faz agora
o mal que me fizeste
Mais forte e mais serena
E livre e descuidada
Sem ironia amor obrigada
Obrigada por tudo o que me deste

Por aquela tão doce
e tão breve ilusão
Embora nunca mais
Depois de que a vi desfeita
Eu volte a ser quem fui
Sem ironia aceita
A minha gratidão
SOPHYSTICADA


segunda-feira, 1 de abril de 2013


Você pensa que é o fim do mundo, mas não é. Você acha que a sua dor é a pior de todas as dores já existentes, mas está enganado. Fácil é sofrer, passar dias trancado no quarto, chorar até que a última gota do seu corpo se esgote. Difícil é superar. E mais difícil ainda é se convencer de que superou. Fácil é acabar com a vida pra acabar com a dor, difícil mesmo é levantar todos os dias com um buraco no peito e colocar a roupa de existir. Dizer que está bem é fácil, complicado é estar. Escutar aquela música, sentir aquele cheiro e visitar aquele lugar parecem ser coisas que ardem o fundo da alma, porque as lembranças doem como álcool em ferida aberta. Mas a verdade é que não sentir mais nada dói bem mais. O fim de um sentimento é mais triste do que o seu fim propriamente dito. É mais difícil enterrar histórias, momentos e sorrisos à enterrar-se. Enquanto ainda há uma faísca em meio ao fogo apagado, de certa forma também ainda há importância. Sofrer por se importar é natural, estranho é sofrer por não fazer mais diferença alguma. Continuar dentro de uma bolha de solidão e sofrimento é escolha sua, assim como lutar pra sair dela também. Fácil é olhar a vida passando e ficar estático no mesmo lugar, amargurado, desiludido, cabisbaixo. Difícil é assumir que está no fundo do poço e, sim, precisa de ajuda. Difícil é estufar o peito e não se deixar abalar por nada. Fácil é chorar pela cicatriz adquirida, difícil é aceita-la como uma tatuagem interna que faz parte de você.
Capitule. 

E a Lua, em seu jardim florescia...!